dia desses estava pensando no armazém português... é impressionante a diversidade de grãos e produtos naturais que aquela taberninha vende desde meados 1949... pelo melhor preço, claro.
Ele fica localizado no Centro, atrás da feira da banana, nas imediações da Manaus Moderna, próximo ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa, eternamente em reforma. Se ficar muito difícil encontrá-lo, pergunte onde fica a qualquer um.
Peça várias mini porções de linhaça, pode ser a dourada, granola, quinua, amaranto, aveia, chia (fantástico)... só peça ao vendedor para trocar o pegador, você não quer a sua mistura pra lá de nutritiva, com gosto de cominho ou vinagrete desidratado.
chegando em casa, misture tudo num pote, guarde-o na geladeira e coma-o com qualquer coisa! rs, leite, vitaminadas, frutas, sopa... o céu é o limite! use o google, seu intestino agradece.
Comecei esse texto falando do armazém português, pra tratar um assunto delicado, porém, necessário: a importância do cocô macio.
oi meninas, como anda seu intestino? e o acúmulo?
é inadmissível as pessoas se sentirem tão constrangidas com a pergunta: "como está o seu cocô?", gente, estamos falando de saúde pública e todos os derivados de beleza que isso pode acarretar: pele, cabelo, unhas, desempenho, felicidade... pense nisso. depois da sua qualificação, ser gata na balada é tudo o que você mais quer na vida.
aprenda a fazer aquele bolo de grãos, banana e canela que sua amiga quase te ensinou (insista). ele pode fazer maravilhas pelo seu intestino, além de ter um sabor incrível.
lute por um cocô fibroso e finalize o processo com aquela aula matinal do programa mais comentado na sua casa, aposto que você faz errado:
tem duas semanas que eu tive que reler alguns capítulos, que eu nem lembrava mais, do pensamento selvagem. é sempre difícil pegar nesses livros dos primeiros anos de graduação. A biblioteca dele ainda não estava recheada e nós vivíamos nos emprestando. Naqueles anos iniciais, Foucault e Lévi-Strauss eram seus favoritos. em contra partida, eu emprestava os seus de literatura, era impressionante a quantidade de livros que aquele recém vestibulando tinha.
é pra ti, de presente. foi a Nicia que pediu pra eu ler:
esse foi o primeiro. emprestei? não o encontrei por aqui. quem ler este blog, favor devolver.
Voltando ao pensamento selvagem... nas primeiras páginas, logo vejo um adesivo de algum amiguinho do pokemón... e um recado dizendo " *tentei ler ;) " nas seguintes, relativas ao capítulo um "a ciência do concreto", o puro rabisco.
vai ser pesado continuar a ler esse livro, será que tiro xerox e o evito? não.
- poxa, o meu livro tava novinho, porque tu riscou e colou esse adesivo? eu nem gosto desse desenho! bem que tu podia fazer caligrafia hein? eu não entendo nada!
o ofendi, feio!
pegou a borracha, muito puto, e apagou porcamente!
- TÁ RIDÍCULO ISSO AQUI, FICOU PIOR! completei delicadamente.
fiz as pazes enviando pelo correio, um caderninho de caligrafia, funcionou.
hoje, como castigo de cinco meses, eu tento adivinhar o que tá escrito naquele garrancho semi apagado na moldura do texto...
seis horas, só
mais um pouquinho, dez minutinhos... nem quero tomar café mesmo, então dá mais
três minutos, seis e vinte; - vamos, teu café tá pronto! sair de casa, caçula no
trabalho; medo de morrer, você só levantou da cama e comeu, ainda tem bastante sono e
remela no olho. volta pra casa, bença vô, sete horas, vou dormir só mais um
pouco, trinta minutos é bastante pra esse sono passar. já.
porque eu não dormi mais cedo? não posso me violentar assim... e essa água? ouvi dizer que banho gelado dá taquicardia, mata na hora. não! casa com três mulheres... conta de luz. vou morrer! frio absurdo! esses pingos malditos! porque eu faço isso comigo? Sobrevivo. gente que
maravilha! banho gelado revigora, tô pronta pro dia! tem tanta coisa pra fazer, produtividade! vou chegar mais cedo que hoje é o dia da apresentação sobre violência, laudo e
meio ambiente. putz, o lattes! falta imprimir. saco de computador! ufam, sono
absurdo. definitivamente, não posso dormir tão tarde. merda! sono, sono, sono,
sono. café e chocolate quente. gentileza. carinho. intervalo, vou no mini
rapidinho! volto! quem leu o texto sobre o laudo? (silencio) eu? melhor
comentário: simples e rápido. você já leu sobre o “louco de palestra”?. mas e
aí? a prova não era hoje? é sim. hoje a tarde! (silêncio), ai, meu deus! foi
pela manhã... silêncio. não vai desmaiar! hahahahahaha (fudida). vai no
departamento de letras. beleza. isso mesmo, vale por dois anos. obrigada. rua, trânsito,
arrogância. qual teu telefone? não. sono, vou pra casa? não. almoço. fim
do mês, nada de restaurante favorito, poeira´s grill! amigo querido! como está teu passaporte? vamos?! vou ver! quero muito também! felicidade! tristeza, reflexão, silêncio, chorinho. cumplicidade. conversa
infinita. amor. computador. sono. minha cama! meia hora só. me salva. frutas,
pão, comi demais. barriga, vou ter um treco, minha casa... finalmente! sono,
academia? não. duas horas. foram três. filme ou texto? filme! cadê meus óculos? ¬¬. devolver hoje,
quase meia noite. take vídeo. quebrei o som novamente. merda! praça 14 amanhã? foco no texto. blog. arrumar o sono. arte e xamanismo amanhã!
Tive que ler esse artigo da autora de "a máquina e a revolta (1999)", Alba Zaluar, agora no finalzinho da noite... achei esse parágrafo:
o livro da Alba, inspirou o filme.
Na América Latina e na África há evidências etnográficas de que os crimes decorrentes da manutenção e continuidade dos negócios ilegais do tráfico representaram a maior contribuição para o aumento dos crimes violentos.
lembrei muito de um filme que vi semana passada e do absurdo que ainda é essa "lei seca" carregada de hipocrisia no Brasil:
hoje poderia contar da experiência de participar das discussões do NEAI, gente, aquilo que eu presenciei é o futuro! coisa linda de ver.
de como aquela disciplina oferecida pela sua orientadora charmosa será um divisor de águas na sua vida... e da chacoalhada que você precisava tomar para dominar esses dois rapazes distintos e complementares na sua vida acadêmica: o inglês e o francês.
poderia comentar dos seus planos abusivos e ambiciosos para o doutorado e de como você tem ficado arrogante com esses objetivos. mesmo que 1/5 deles não se realizem, você deve manter a linha de quem os quer mais que tudo na vida e ler todos os livros vergonhosos e não publicáveis aos amigos descolados e intelectuais de auto ajuda possíveis que podem te auxiliar nessa empreitada:
Poderia mencionar também, o breve cenas de teatro que começou ontem! Tem cinco anos que esse modesto festival, vem circulando uma vivacidade impressionante de seres talentosos de vários lugares do país, que compartilham aquelas performances e textos num palco tão bonito que é o do Teatro Amazonas... gostei muito!
outra surpresa foi a dança de rua, muito estigmatizada, fazer parte do espetáculo em forma de competição nos intervalos das cenas. esses meninos da cidade mostram com muito gracejo e domínio de movimento essa bricòláge incrível junto aos movimentos do cotidiano...
...
mas ontem fui pega de surpresa, uma família muito amada, que está sempre nas minhas orações e pensamentos foi novamente surpreendida pelo acaso... um coração pode suportar tanta dor? é de pirar se tentarmos racionalizar os eventos do cotidiano... ou buscar respostas para o inexplicável, simplesmente desisto.
nem tudo é concreto/abstrato ou analisável. tem os famosos interstícios... já mencionados em alguma aula que não lembro qual...
Um dos caminhos que tenho experimentado é tentar viver com esses mistérios, um dia de cada vez... em reduzir minhas respostas a um simples estímulo do dia-a-dia...
Pra você que teve uma deliciosa epifania lendo o La pensée sauvage (1962). Não, você não está (ainda, ambição garota!) nesse nível de francês, a sua versão é em português.
Não resista em se exibir no seu blog. neste horário honesto que você tem conseguido acordar bravamente, você pode tudo!
Aumente o som, faça dancinhas sensuais beeeeem vergonha alheia... hoje o dia promete!
Edward Evans-Pritchard pira nos bois. além de pesquisadora, você deve ter outros objetivos que incluam estilos de vida mais glamourosos. com a proximidade do festival de Parintins e partindo do pressuposto que você está na academia, mudou alguns hábitos alimentares, fez a dieta do pão*, está se achando mais "gata na balada" (...), você decidiu seguir os passos para se tornar uma verdadeira cunhã poranga do boi, de preferencia o seu: caprichoso.
Arrumar o seu projeto (eternamente) e os capítulos que você já começou para qualificar antes da sua viagem idílica ou estudar para concursos, podem ser tarefas deveras estressantes, no entanto, não pense que a miss do boi não faz os seus esforços. tratamentos de pele, academia intensiva, entrevistas, ensaios constantes, prova de alegoria, administração de bajuladores... farão parte do seu cotidiano, afinal, estamos falando do item 09 do festival minha gente. Vá no cartório e altere o município que você nasceu, aparentemente, você precisa ser de Parintins...
Brena Dianná é rainha do folclore, mas é um exemplo do quão prestigiosa será sua vida:
Para você que não sabe os itens avaliados no festival, aí vai:
1. Apresentador;
2. Levantador de toadas;
3. Marujada;
4. Ritual indígena;
5. Porta estandarte;
6. Amo do boi;
7. Sinhazinha da fazenda;
8. Rainha do folclore;
9. Cunhã poranga;
10. Boi bumbá evolução;
11. Toada (letra e música);
12. Pajé;
13. Tribos indígenas;
14. Tuxauas;
15. Figura típica regional;
16. Alegoria;
17. Lenda amazônica;
18. Vaqueirada;
19. Coreografia;
20. Organização e conjunto folclórico.
Dito isso, perceba a importância da SUA figura no festival. arregace as mangas para conquistar o seu lugar ao sol, ou melhor, no bumbódromo. Durante muito tempo ou desde 1999, você quis ser a sinhazinha da fazenda (você tinha motivos) e com isso alimentar o seu boi favorito com sal. foi o que você aprendeu depois de todos esses anos de coreografia:
Garota linda vem me enloquecer
Seu corpo todo faz estremecer
Garota linda rostinho de anjo
És sinhazinha, sinhazinha do meu boi
Ela vem chegando vestido rendado
Gira a sombrinha pelo ar
Faz o meu amo se apaixonar
Tirando versos para ele se encantar
Sentada na porteira do curral
Chama o meu boi pra comer o sal
Sal, sal, sal
Chama o meu boi
Pra comer o sal
Vem do gingado, vem do bailado
Faz a galera balançar
É no capricho, Caprichoso do meu boi
Que a sinhazinha da fazenda vem
Dançar
A sua casa sempre foi uma casa de mulheres, por ser vizinha da sua avó, você conviveu intensamente com suas tias e primas como irmãs. brincar de casinha infinitamente, brigar por bonecas, gritar uma com a outra, criar apelidos cabulosos (banana, pacu, calango, formiga, seca, barata branca, bodósqui...), cair, ralar o joelho e não chorar... sua mãe ou vó iam te obrigar a tomar banho. catar folha de jambeiro e fazer sopinha com sal, fazia parte da sua rotina.
Ficamos adolescente todas juntas e a obsessão da época, era aprender as coreografias das toadas. Íamos quase todas as quartas feiras para os ensaios no curral do boi caprichoso no sambódromo. era um alvoroço quando alguém aparecia com o CD novo do caprichoso, precisávamos ensaiar em casa também, para no sábado brilhar loucamente mostrando a todos o quanto sabíamos. Festas? aniversários? éramos atração.
que nossa vó/mãe não soubessem, mas o sonho secreto de todas era se tornar uma dançarina do arlindo júnior.
A saber, o item 07, representa "a filha do amo do Boi, cujo brinquedo de estimação é seu boi mais amado e mais bonito, o boi caprichoso (...) reverencia as influências da cultura do branco e toda a pujança dos vestidos das sinhás dos tempos coloniais".
Item 07: sinhazinha da fazenda
depois de aprofundar leituras e conviver com questões indígenas de forma mais aproximada, o item 09 ganha em disparada nas suas recentes ambições, definitivamente, você não quer fazer parte dos colonizadores...
veja lá o quão especial pode ser uma cunhã poranga:
"é a mulher mais bonita das tribo do Caprichoso"
é disso que eu tô falando!
"tem na sua essência a garra, o mistério e o espírito guerreiro das lendárias Amazonas, expressando em sua dança os sentimentos de amor e paixão, suaves como o remanso dos igarapés e fortes como os banzeiros do grande rio. Sua beleza realçada pelos cabelos negros, traduzem toda a singularidade da mulher nativa da Amazônia".
Cunhã poranga do boi caprichoso
A cunhã poranga é um personagem que substitui o item Miss do Boi. e é isso que você quer na sua vida até o final do mês de junho. As passagens estão caras, os ingressos para o festival estão pela hora da morte, e você precisa ser criativo para encarar as despesas. Se tornar um item, faz parte dos planos.
Estava andando de bicicleta numa cidade do interior que agora não recordo o nome, eram ruas de paralelepípedos, com crianças, idosos, mulheres. arrisco dizer que não era manaus.
tinha uns metrôs estranhos ou seriam linhas de ônibus subterrâneas? talvez, me perdi por ali.
cansada, encostei numa taberna e fiquei observado o movimento de chegada e saída de frutas e verduras naquelas carroças até o tucupi de manga, abacaxi, melancia... lembro dessas. vejo ao longe três amigas que conversavam entre si e não perceberam que eu estava ali, encostada naquela porta alta, bonita e suja. não quis ser notada e continuei no meu marasmo.
imersa na minha bobeira, o avistei! carregando uma carroça cheia de bananas. meio contrariado, sob as ordens de um velhinho de cabeça branca dizendo pra ele o que fazer. ele percebeu que eu o vi e deu um sorrisinho de canto, continuou a empurrar o carregamento de pacovã.
não são pacovãns, mas serve como exemplo
pirei. achei que se desviasse o olhar ele desapareceria, sem piscar, saí correndo alucinada em direção aquele menino de camisa adji azul clarinho, até chegar pertinho e perceber pela primeira vez, um olhar marejado/emocionado de "também sinto sua falta".
*homenagem à primeira aula de francês, na manhã de sábado mais doce.
o mais lembrado dessa semana foi o estimado augusto dos anjos. apresentado a mim, por um edital de vestibular, cujo livro que deveria ser comprado para o processo seletivo era o "eu e outras poesias". nunca o esqueci. tenho-o aqui, com dignas páginas amarelas, a minha versão L&PM pocket.
Augusto dos anjos (1884-1914)
apresentarei a "psicologia de um vencido", por ser emblemático àquela adolescente que ficou impressionada com essas poesias inusitadas:
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
fantástico, não?
"versos íntimos" ganha de disparada no meu top dez do querido dos anjos,
sempre citado em momentos de gracejo, apenas nestes:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
No entanto, para a celebração desta escrita, dedico "idealismo"
como o carro abre alas deste texto:
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo O amor na Humanidade é uma mentira. E é por isto que na minha lira De amores fúteis poucas vezes falo. O amor! Quando virei por fim a amá-lo?! Quando, se o amor que a Humanidade inspira É o amor do sibarita e da hetaíra, De Messalina e de Sardanapalo? Pois é mister que, para o amor sagrado, O mundo fique imaterializado — Alavanca desviada do seu fulcro — E haja só amizade verdadeira Duma caveira para outra caveira, Do meu sepulcro para o teu sepulcro?! (grifos, propositais, meus)
Aos desavisados, eu não seria tão óbvia, nem estúpida.
Perpetuando o meu circuito do ócio naquele prédio lindo que abriga o centro de artes da UFAM, venho acompanhando durante três semanas, o trabalho dos irmãosJoel David e Ethan Jesse com atenção. procurei não ler nada sobre os filmes pra não "contaminar" minha sensibilidade. pra minha surpresa, gostei da aposta!
the man who wasn't there é absurdamente bonito, todo ele. Sinto dizer ao estimado augusto, com todo respeito, que nessa ele perdeu feio para os coen.
feira manaus moderna: quando o rio está subindo,
é assim que sua melancia chega.
Dia desses reparei como é fantástica essa invenção do mp3, longe de mim querer comparar de forma grosseira a qualidade do som das outras mídias, não gostaria de ferir os sentimentos dos amantes old school do ressuscitado e agora muito charmoso LP, vulgo, disco de vinil.
você já comprou sua vitrola? as mina pira.
O mp3 é uma partícula, aquela coisinha invisível que faz você agrupar num mísero pen drive de alguns gigas, trocentas músicas. você vai precisar de duas vidas para ouvi-las até o final.
No meio dessa experiência com o infinito musical, tropecei numa música do zeca baleiro "piercing". Zeca baleiro sempre me fez ter boas lembranças. aquele festival de música da UFAM (FUM) na bola da suframa, aquela viagem maluca de sete dias (só de ida) com ônibus sem banheiro e cadeira reclinável com as melhores companhias que uma menina/estudante de ciências sociais com muitos desejos e aspirações poderia ter... trilha sonora? zeca baleiro.
Piercing: eu lembro que um trechinho dessa música sempre me intrigou "lugar de ser feliz não é supermercado". me esforçava para entender o que o compositor queria dizer, será que estava falando do sistema capitalista que nos transforma em mercadorias? crítica à conjuntura atual? talvez.
mas não engolia, sempre gostei de feiras, supermercados. era um abuso esse cara falar que não existia felicidade no supermercado, quiçá na taberna do seu menino. como?
de repente você se relacionou, de alguma forma, com toda a rede dos "objetos" que vão pra sua casa naquela sacola do supermercado ou da feira. aqueles mesmos objetos, te livrarão da fome pelo simples fato de você acreditar que estará vivo no dia seguinte.
dentre as minhas frases de caminhão, tem uma favorita:
"quando nos alimentamos criamos a esperança de continuar vivendo, de não morrer, de termos um amanhã". (?)
guarde toda a sua preguiça de ir à feira ou ao supermercado no bolso e lembre-se disso.
parabenizando aos três dias consecutivos, sem faltas, de duas moças perseverantes na academia, foi decidido homenagear duas categorias:
1 melhor letra de música;
2 melhor clipe.
na primeira categoria Mc Bola, com a letra "Ela é top" arrasou nos refrões bem elaborados, incentivando a utilização daqueles instrumentos de tortura, vulgo, aparelhos de musculação:
Ela é top
Deixa ela passar Não olha, nem mexe (2x)
Rá... É terrivel.
Ela não anda, ela desfila Ela é top, capa de revista É a mais mais, ela arrasa no look Tira foto no espelho pra postar no facebook
Onde ela chega rouba a cena deixa os moleques babando Na boca do bingo arruma buchicho e as invejosas xingando Baladeira de oficio não gosta de compromisso Encanta com seu jeitinho ela não é de ninguém Mas é chegada num lancinho
Quando chega no baile ela é atração Fica descontrolada ao som do tamborzão De vestido coladinho ela desce até o chão
Rá ela é terrível !
Ela não anda, ela desfila Ela é top, capa de revista É a mais mais, ela arrasa no look Tira foto no espelho pra postar no facebook.
Deixa ela passa, não olha nem mexe
Onde ela chega rouba a cena deixa os moleques babando Na boca do bingo arruma buchicho e as invejosas xingando Baladeira de oficio não gosta de compromisso Encanta com seu jeitinho ela não é de ninguém Mais é chegada num lancinho
Quando chega no baile ela é atração Fica descontrolada ao som do tamborzão De vestido coladinho ela desce até o chão
Rá ela é terrível !
(...)
Decore alguns trechinhos, e venha cantarolando na volta para casa;
na segunda categoria, entre um movimento constrangedor e outro, nos pegou de surpresa um belíssimo clipe de um lobo ferido. No quesito melhor clipe, David Gueta com "She Wolf" levou a melhor:
arrume qualquer desculpa esfarrapada para continuar a frequentar aquele recinto. só não esqueça de continuar estudando, você tem uma qualificação pela frente.
numa manhã sem graça, contamine a casa com esse som cheio de agência...
um amigo me ensinou, que o melhor do youtube são os comentários. aí vai: "Daniftikhar: Bamboleoooo bamboleaa sfnvsjdxgfjeahgvjsbvjshbvab si!" hahahahahahha
ob.ses.são:sf.1. ação de atormentar, de perseguir. 2. Psiq. Sentimento ou ideia que, gerando angústia, se impõe à consciência de um indivíduo. (mini aurélio)
cis.mar:v.int. 1. Ficar absorto em pensamentos. 2. andar preocupado. T.i. 3. Pensar com insistência. 4. Teimar em fazer (algo). 5. Bras. Desconfiar ou suspeitar. 6. Antipatizar. T.d. 7. Cismar (3). 8. Convencer-se de. (mini aurélio)
obsessiva e cismada, em palavras chaves, isso resumiria esses dias de pouca concentração acadêmica. você vai entrar no site do estante virtual e comprar todas (mentira.algumas) aquelas velharias de Hemingway por quatro/sete reais e uns quebrados do frete. o nome disso? obsessão. fundamentado numa cisma. simples assim.
talvez tivesse uma vida boa se não precisasse justificar tanta coisa, parafraseando kundera, um estado leve do ser seria perfeito, se fosse real. nunca é.
talvez afaste amigos pelo caminho. não há quem aguente tamanha imersão e obsessão. em tempos de delicadeza um tanque de guerra pode ser prejudicial. e é assim que você está. aproveito o vazio da cabeça e do sangue, pra cismar e deixar as coisas funcionando... assim a roda continua girando.
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