quinta-feira, 27 de março de 2014

Cinépolis, raivinha

Ontem eu conheci as salas do cinema do shopping ponta negra... talvez esteja nostálgica ou num ritmo old school, mas senti uma coisinha sabe? luminária? cardápio? garçon? sei lá, meio demais. 

ê filmão!

O que implica em salas de cinema com cenário de série norte americana da década de 60, são os preços abusivos dos ingressos... o acesso a filmes na telona vão ficando cada vez mais inacessíveis... uma tristeza.

Cinépolis Manaus

Saudades de um tempo que não vivi:


*

cinema paradiso, trailer.


terça-feira, 25 de março de 2014

vem cá

querido, você é demais!


vem cá, arnaldo antunes

Ray!


Intervalo de dez minutos, dez! vá a cozinha, tome um copo de água, som alto, faça dancinhas esquisitas... volte! volte! Com trabalho duro você terá sua vida de volta.


domingo, 23 de março de 2014

Daniela Arbex: a mulher que sabia javanês



- Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo ! 
- Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como me tenho agüentado lá, no consulado ! 
- Cansa-se. mas, não é disso que me admiro. O que me admira, é que tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil  imbecil e burocrático.

Fonte: O homem que sabia javanês, Lima Barreto. 

A burocracia se tornou uma ferramenta para matar, pra você que acredita na ONU e acha que ser ativista dos direitos humanos é fofura total, tome cuidado, a fogueira, a forca, a cadeira elétrica foram substituídas.

É um papelzinho aqui, uma lei acolá... e zás! adeus liberdade, a morte é certa! para aprofundar e criar argumentos memoráveis de boteco, leia sobre a "judicialização da política".

Ando muito impressionada com um livro que li recentemente da Daniela Arbex, essa jornalista mineira é incrível.

LEITURA OBRIGATÓRIA!


Se pra você, o "inferno eram os outros" ou os alemães e as atrocidades da segunda guerra mundial, prepare-se, o buraco é mais embaixo ou em Barbacena... aquela cidade mineira, cheia de flores, docinhos e queijos, que ficou nacionalmente conhecida pelo personagem da "escolinha do professor raimundo", Joselino Barbacena. 


Essa foi a principal lembrança de Barbacena até ter acesso as histórias e fotos do livro de Daniela:

foto: Luiz Alfredo, da então revista O Cruzeiro

foto: Luiz Alfredo, da então revista O Cruzeiro

foto: Luiz Alfredo, da então revista O Cruzeiro

foto: Luiz Alfredo, da então revista O Cruzeiro



foram 60 mil mortos entre os anos de 1903 a 1980


Coisas que não vão sair da sua cabeça:

uma decisão "brilhante" (sem ironias, essa ideia foi aderida em outras instituições) do Estado de aumentar o número de leitos no hospital colônia com camas de feno, sim, palha (!) onde era impossível fazer a higiene de fezes, urinas, além da proliferação de roedores e insetos de toda qualidade que você imaginar.

a outra ideia brilhante, foi fazer um curso de "tratamentos com choque"... as cozinheiras ou responsáveis pela limpeza eram "treinadas" para manipular as máquinas... mas esse treinamento era feito com os próprios pacientes... "puxa vida, esse morreu, mais sorte na próxima maria, vamos baixar a frequencia, pega outro paciente".

os que se cobriam sua barriga com fezes, para que não fossem tocados ou violentadas de alguma forma, mulheres grávidas utilizavam essa técnica com frequência.

a comida que mesmo com variedades de legumes e verduras nas hortas, era feita sem, "pois não havia quem cortasse".

a mais chocante de todas, foi a prática corriqueira dos funcionários, de deixar os pacientes no meio do "pátio" sem roupa, com frio... tente imaginar a temperatura em Barbacena, se quando o tempo fica nublado (ou chove) em Manaus você já tira aquele seu casaquinho da gaveta, imagina pelada, com fome e ao relento no sudeste do país. 

Eles se agrupavam e dormiam empilhados para driblar o frio, muitos amanheciam mortos, asfixiados, ou pela baixa temperatura. os que não sobreviviam eram decompostos em ácido para virar sabão, no pátio mesmo, quando os corpos começaram a não ter mais interesse nas faculdades de medicina... gente, o que é isso... estamos falando de meados de 80 (MIL NOVECENTOS E OITENTA) e sabe-se lá até quando isso ainda ocorre.

salve Franco Basaglia!


Referência mundial para reformulação da assistência à saúde mental
1924-1980, Veneza

As universidades/faculdades de medicina também foram cúmplices, havia/há um comércio abominável de corpos e a grande maioria do hospital colônia era (quando era) diagnosticada com tuberculose, ou seja.

Eles eram a escória da humanidade, mas asfaltaram ruas, trabalharam na construção civil e nas hortas em regime de escravidão total... isso não tem trinta anos... mesmo após a lei 180 de 1978.

Os considerados loucos eram, muitas das vezes, pessoas que estavam tristes, mulheres com TPM, mulheres que brigavam com os pais e gritavam na rua, prostitutas, bêbados, mãe solteira... se identificou com alguma? aliviou por não ter nascido em Barbacena? você, muito provavelmente, teria sido colocado no "trem de doidos" e seria uma vítima do hospital Colônia.

70% dos internados não tinham "doença mental".

Fiz uma disciplina que sempre quis fazer e, recentemente, foi inaugurada em Manaus no PPGAS/UFAM: "antropologia do direito". pra você que gosta de ficar exibidinho e afiado é uma ótima! Li alguns textos sobre o Estado... e estou terminando o trabalho final falando de reservas/parques e terras indígenas da etnia Mura.  
Sinceramente? você chega a conclusão que essa bosta toda de estado e lei, é uma ficção, uma cadeira elétrica. percebi que o tempo todo, estamos num treinamento idiota pra falar Javanês sabe? e que eu tenho muita dificuldade em aceitar esse papel de coadjuvante/cúmplice/vítima das ações de um louco desenfreado. mudez, ódio e roupantes são sentimentos constantes. 

pergunte-se bem rapidinho, onde estão os "loucos", "os presidiários", "os usuários" e tente imaginar em quais condições eles vivem. este exercício serve para as ditas "instituições totais", temas favoritos de Foucault.

Ah, ele também esteve em Barbacena!

No livro diz que o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) fez uma pesquisa em 2004 (DOIS MIL E QUATRO) e sabe-se que existem 28 (VINTE E OITO) instituições com as mesmas práticas do hospital de Barbacena até hoje, tente dormir com essa... até quando você vai dar poder pra essa cambada de filho da outra?

Enquanto isso, no lustre do castelo, você toma seu leitinho quente com farinha láctea antes de ir pra sua caminha gostosa, falando mau daqueles seres pavorosos e sem classe que frequentam shopping center. hã? uma país de imbecis.

castelo rá-tim-bum

Ontem estava andando pelo bairro e vi uma senhora que costuma caminhar nua pela rua com um sorriso sempre enigmático no rosto. pela primeira vez na vida, não senti vontade de levá-la para nenhum outro lugar, nem cobrir o seu corpo, finalmente aprendi que ela pode andar do jeito que quiser, por onde quiser... livre são os "loucos"! os incomodados que se retirem/se mudem/se matem (grata), o quanto antes, muito obrigada Daniela Arbex.

Estou doida pra escrever e mostrar as fotos das "ruínas de paricatuba"! 
mas precisava dessa introdução do livro da Dani.

Dani e Luiz, o fotógrafo das imagens utilizadas no livro, do hospital colônia.


*

Me propus a ler três livros de "ensino médio" por esses dias:

1. O triste fim de policarpo quaresma (Lima Barreto), por sorte, tenho em casa. tio Fabinho fez vestibular em mil novecentos e bolinha e esqueceu por aqui;
2. O homem que sabia javanês (Lima Barreto), baixei na net, é um pdf porco!
3. Urupês (Monteiro Lobato), fiquei com vontade de comprar, ao mesmo tempo quero aprender a usar o kindle pra ler essas coisas mais básicas em pdf e comprar só os livros metidinhos sabe? mas nem sei, tô em transição, falta espaço pra livro e a mochila de viagem anda pesando demais... ando nutrindo fortes desejos por um tablet. mas gosto tanto de livro... ai... :~, vamos ver.

*
por favor, parem de me chamar pra beber! tenho que defender em março e ando arrumando muita sarna pra me coçar! ok, mentira. se não chamar vou ficar puta e acrescento, beber E comer por favor. caldeira só em data comemorativa, faço votos que reformem sua cozinha. 



ps: esse texto estava escrito desde janeiro (acho)... rolêzinho no shopping ainda era notícia.


pote de farinha

- esse feijão tá uma delícia;
- é... essa calabresa defumada que dá o gosto... olha... tu quase derruba esse pote de farinha, fizeste igual ao rodrigo. ele que comprou esse.
- FOI?
- foi, ele espatifou a outra, foi farinha pra tudo que é lado... depois ele apareceu com esse pote, no meio da semana, todo embrulhado... acho que demorou pra encontrar. é super difícil achar, combina com os outros.
...
- esse milho tá super gostoso;
- também achei, a Clarinha já come sozinha, uma beleza!
...

*

Fico pensando se quebro esse pote de farinha... deveria ter esbagaçado no chão!
Uma lembrança... mais?

Continuo comendo a farinha do pote, agora com um pouco mais de cuidado...
Com tristeza, saudade e... muita raiva... e se...?

Foda-se.


marcha da família com deus pela liberdade



Pra quem acha que já viu de tudo na vida: 

"Esses otários acham que se o comunismo vencer eles vão estar bem... uma coxinha com cérebro é melhor que um tomate de manobra!"

*

Digamos que você esteja dormindo... torcendo pra sonhar com aquele parágrafo brilhante que ainda não saiu... e zás! acorda. e não reconhece muito bem o lugar... é um mix de idade média com pré ditadura sabe? pensei até que poderia encontrar o coitado do João pelas calçadas, se desviando de uma coxinha ou de um tomate... quem sabe? ai! falta ver esse doc: 



Tantos anos se passaram... e os discursos não mudaram... o que seria isso? nostalgia? cérebro atrofiado? aulas de histórias cabuladas? alguém sabe o que é comunismo? fascismo? como que um país como o Brasil pode ser adjetivado de comunista?! acho impressionante esse tipo de leitura...

se bem... que no fantástico mundo do colégio militar, aprendi que o golpe de 64, foi a "revolução de 64"...

hoje, refletindo sobre essa afirmação do "braço forte e mão amiga", acho brilhante! sério! 
é muita estratégia e cara de pau... 

*

Obrigada pelo convite... mas não, obrigada.

Vou bem ali tirar a blusa e marchar com as vadias.


sábado, 22 de março de 2014

meia noite em Manaus


*que história!

Tem acontecido umas coisas bem estranhas... antigamente, acordava otimista e ia dormir pessimista... agora acordo humilde e desesperada e vou dormir arrogante e soberba... ainda não sei em que aspecto dessa nova condição humana pode me ajudar na escrita da minha cruz... só sei que quando durmo, algo acontece, talvez o "ajuste do sono", sei lá. 

Que doidice.

As noites ficam mais atraentes... obviamente, mas não sei, a simplicidade parece ser o que há de mais sofisticado nesse mundo... como fazer? não sei. ser simples está cada vez mais difícil.

Eu não quero escrever bem sabe? tipo literatura. ok, mentira, eu quero sim. mas ah, nesse momento só a boa escrita etnográfica já me bastaria... e isso parece muito! na realidade ela é bem pior, porque é infinitamente mais sofisticada. 

É isso!

Apesar de ter criado raivinha do Hemingway depois desse filme: 


ah, assista, não vou falar nada. só uma coisa: virei fã da Martha.

*

O ponto é que ele disse umas frases soltas, quer dizer, o woody allen disse que ele disse, que podem ajudar:

- nenhum tema é ruim se a história é verdadeira;
- se a prosa é limpa e honesta;
- se ela confirma graça e coragem sob pressão;

Hemigway era o melhor xavequeiro do universo inteiro! a Martha deve ter penado.



sexta-feira, 21 de março de 2014

CONRAD: apocalypse now


Apocalypse now (1979) é um filme realizado por Coppola... e a impressão que fica é: em que planeta você estava que NUNCA havia assistido esse filme antes? Jamais menospreze quem bebe da literatura... Puzo não chegou nem a ficar de bobeira! The godfather nasce em 1969 e já em 1972 Coppolinha o abocanhou! 


Mario Puzo foi um escritor que ficou conhecido
pelos seus livros de "ficção"(vai saber) sobre a máfia. 

Voltando ao Apocalypse... ele é tão impressionante, que tudo que for dito após o filme, parecerá vulgar... inclusive esse texto. Dê um tempo pra ele ficar circulando no sangue sabe? é muita coisa pra digerir

Acrescento que essa película foi uma "adaptação" do livro "o coração das trevas" (1902) de Joseph Conrad, que por motivos de desespero, afinal se Malinowski se inspirou, porque não você? hahahahaha

Fiz o combo com sem culpas. 

Coppola tem uma pegada de "comunidades imaginadas" sabe? com uma absurda criatividade (assista!!!!), no entanto, senti falta das mulheres na tela... olha esse parágrafo no Conrad:


Obviamente que existem versões muito mais elegantes que a minha... mas ah... né gente? minha bolsa do CNPq está acabando, vou ter que dar uma maneirada nas frescurites... :/ mas vamos ao que interessa:

"Ela caminhava com passos medidos, envolta em panos listrados com franjas, pisando a terra orgulhosamente, com um ligeiro tilintar e faiscar de bárbaros ornamentos. Andava de cabeça erguida, o cabelo penteado como um elmo; usava perneiras metálicas até os joelhos, manoplas de arame dourado até os cotovelos, uma mancha carmim na face, inúmeros colares de contas de vidro no pescoço; umas coisas bizarras, amuletos de feiticeiros, que pendiam dela, brilhavam e tremeluziam a cada passo. Devia trazer sobre o corpo o valor de várias presas de elefante. Era selvagem e soberba, de olhos bárbaros e magnífica; havia alguma coisa de pomposo e sinistro em seu passo decidido. E no silêncio que se abatera de repente sobre toda a melancólica terra, a selva imensa, o colossal corpo da fecunda e misteriosa vida parecia olhar a imagem de sua própria alma, tenebrosa e apaixonada."(CONRAD, o coração das trevas, p. 102)

Será que ela apareceu e eu não vi?

*

Carrego o livro... e agora o filme, como uma grande metáfora... boa pra pensar uma infinidade de coisas...
o que seria essa selva afinal? fico aqui bem feliz com os meus botões, brincando de "errar/acertar" os significados dos autores, construindo segredos que daí por diante, são só meus... 

*

Pode parecer absurdo... mas a ideia do filme me faz lembrar muito esse clipe... 
ai, como tenho sorte de ver essas coisas! que filme incrível! que danças lindas! 


Beirut, elephant gun 

domingo, 16 de março de 2014

Tatuagem, o filme.


Passado o reboliço para trazer filmes de arte/alternativos/fora do circuito na cidade de Manaus, chegou a hora de ocupar os territórios conquistados... certo? certo. deixe a moleza de lado, descole alguns reais do bolso que estão acabando junto com a sua bolsa do CNPq... aceite o convite super fofo da sua orientadora e desbrave o manauara (num domingo)... aquele prédio hostil que está por desabar.

Ficamos na dúvida entre Ninfomaníaca II e Tatuagem. como não vi o primeiro, animei pro tatuagem... mas antes de sair de casa, dei uma olhada no trailer e bateu uma preguiça... pensei: tipo de filme que dá pra ver tranquilo no canal brasil. mas beleza, vamos lá, a causa é nobre.




Me enganei.

O filme pernambucano é leve, divertido, criativo, inteligente, romântico, lindo! a trilha sonora arrepia! 

johnny hooker, volta

No meio de Tatuagem, filme de Hilton Lacerda, há um diálogo entre Clécio e Paulete que te faz pensar de como a palavra cuidadosa/doce pode resolver qualquer conflito no universo inteiro, impressionante, de extrema sensibilidade... curti demais. os atores foram nota mil! :D

Vale o preço absurdo das salas de cinema desse país.

sim! eu sou canguinha, mão de vaca, ranzinza e sempre acho caro.

Acho que o premiado "dzi cocrettes" completa o cenário, se puder, assista os dois e fique exibido nas rodas intelectuais:





sexta-feira, 14 de março de 2014

grupo cordão do marambaia, Manaus

21:17

Chegou o momento do dia em que você vai decidir se vai assistir ao grupo cordão de marambaia ou não. Diante de um convite super fofura total de uma das integrantes que você não via a séculos... aquele grilo falante resolve utilizar os argumentos mais baixos pra você não resistir e ir.

Uma citação da entrevista já é o suficiente:

E o que é Marambaia?
Segundo Gonzaga Blantez, o termo de origem tupi ‘marambaia’ se refere, dentre outros significados, ao marinheiro que não gosta do mar  “e prefere ficar em terra, curtindo as festas. É o cara festivo. E o cordão é isso, alegria”, explicou.
“Motivos que nos fazem garantir que o Marambaia não é uma banda, não nesse sentido comercial que se costuma aplicar. É um conceito, do qual não só nós fazemos parte, mas todo o público que nos acompanha durante as apresentações”, complementou Gonzaga.
gostoso né?

adoro mar, rio... mas posso adaptar aos céus... odeio voar, logo, prefiro ficar em terra e quero celebrar, por aí vai... criatividade pra fugir da labuta é o que não falta, falta de vergonha na cara também. já temos um argumento infalível pra sua consciência maria vai com as outras pouco rigorosa.

Trate este evento como uma peça de teatro, não compre a ideia de "balada/festinha/fuzuê". Munida de toda hipocrisia que você pode juntar, vá no horário certinho, assista e volte.

roubei essa foto do fb! Dheik Praia, largo são sebastião.

Há propriedades curativas comprovadas cientificamente no que diz respeito a dança. e é desse mosquitinho que você quer ser picado hoje a noite! 

O lugar é aquele terreno baldio inóspito e longe da sua casa... até desanima beber, sério. sua cabeça maquina os milhões de possíveis acidentes até chegar na sua caminha. estatística é uma merda.

(...)

23:09

não dá. tô ferrada. tenho que terminar isso.
a etnografia completa vai ficar pra outro dia... :/

quinta-feira, 13 de março de 2014

casa das rosas e Drummond

casa das rosas, 2014

É impressionante como esse mundo é cheio de encantos... maldito iluminismo!

Essa atitude de desvelar o coração fazia parte de um esforço burguês de "voltar a fazer do mundo um lugar encantado". O alvo era a razão iluminista, acusada de - com seu cientificismo frio e sua rebeldia contra a fé - ter banido do mundo a ideia de mistério e de maravilha. Era necessário, portanto, libertar a imaginação, recuperar a vida interior do homem e desfazer a secularização do mundo, que haveria de ser reencantado. A imaginação liberta marcaria o triunfo dos românticos sobre a Idade da Razão. GAY, Peter. O coração desvelado... in: HENRIQUE, Marcio Couto. Um toque de voyeurismo: o diário íntimo de Couto de Magalhães. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009.

OBS: ABNT teve um ataque cardíaco com essa referência.

Continuando, no meio da concrete jungle avistei um jardim, por sorte, tinham flores lindas... entrei. A casa destoava de toda a multidão de prédios que a faziam companhia... era uma arquitetura nada convencional se comparado aquelas torres de gelo que espelham frieza e antipatia.



A casa das rosas é um suspiro em milhares de "avenidas paulistas" em todo país. Não estou nem falando das atividades que ela proporciona, acho até que deixa a desejar, mas o que ela significa naquele emboléu de coisas... já vale. Não consigo entender essa lógica em destruir todos os prédios históricos do país! juro que não é conservadorismo... rs.

Entrei, subi as poucas escadas, e avistei uma sala com mesas, cadeiras, alguns cacarecos e livros espalhados... decidi beber água e dar um tempo. no meio do marasmo e passada a canseira, tirei um livro da prateleira. Era ele, o Drummond. E na primeira página virada... pensei: estou aqui por essa frase. 


Drummond sendo fofo <3

Tenho que fazer um comentário sobre essa foto: as pessoas da benedito calixto não sabem vender armações de óculos antigas... definitivamente. custava dizer que essa era a armação do Drummond?!

*

Então, voltando à frase que pode salvar uma vida, ou várias, é a seguinte:

"a poesia organiza o sofrimento..."

Calma, em contraponto a desordem, não descarto a eficácia do caos em certos momentos da vida, mas ouvir essa frase do meu amigo Carlinhos naquela casinha adorável, é muita demonstração de carinho (...), cuidado e apreço com o leitor que por sorte tropeçou ali, naquele lugar.

sempre haverá os irreverentes (ufa!) que farão as adaptações:

"a cerveja organiza o sofrimento..."

Apesar de ter muito apreço e respeito ao Drummond, não descarte as outras possibilidades.
Faça o seu corte e cole favorito e entre na brincadeira, o que vale é o carinho, as palavras. 

funciona.

Drummond, você é lindo. 


concrete jungle, bob marley





segunda-feira, 10 de março de 2014

balancê

Vanessa Angostini, carnaval 003.

Não gostar de nada que escreve pode ser um problema.

Publicar algo, expor algum trabalho, submeter um resumo seu fora de um blog e botar a cara no mundo para os seus pares, ou futuros pares, pode ser uma tarefa deveras angustiante.

Tentando elencar os motivos de tal angustia, pensei que a inexperiência, a arrogância, a pressa, a preguiça, a falta de treino duro, de leitura, conversas... sejam "a pedra" no caminho.

Reconhecer é importante, mas ficar exaltando o fato de "saber" as origens do problema e não sair da zona de conforto, te impede de entrar no movimento... e é disso que estou falando, do movimento, que é contrário ao confinamento... Daniela Arbex me entenderia. 

Escrever é dançar, é deixar tudo em movimento. 
Sigo na dança, absurdamente inspirada por esse delicioso carnaval.

Balancê, Gal Costa.









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