segunda-feira, 27 de abril de 2015

O homem que anda

Alberto Giacometti

A  coisa mais maluca foi eu ter descoberto o Rimbaud no auge da minha preguiça e acumulação de peso. No final das contas o que põe pra fora é esticar as canelas. foda-se rambô.


Aliança Francesa Manaus

Foto: ainda não sei quem é o autor da foto.

Todo acadêmico desesperado, se matricula no cursinho de línguas mais caro da cidade imaginando que o seu cérebro funciona como uma máquina de jogos de azar. 

Se você não sentar na cadeira, fazer cópias (sim, igual na alfabetização), assistir filmes sem legenda, com legenda (EM FRANCÊS), ouvir música, decorar algumas, se enfiar no coral, ler no mínimo alguma obra do Flaubert pra se exibir na sala, não esqueça dos miseráveis... Victor Hugo é o sucesso! Assistir as aulas de conversação na maior cara de pau por achar que tem um direito adquirido em todas aquelas instalações por pagar aquele ABSURDO que é aquela mensalidade, juntamente com um material didático que você quase não usa, fazer os exercícios infernais e infinitos do “caiher”. É o preço do desespero.
Nem ia falar do processo de aprendizagem da Aliança Francesa Manaus, porque os professores são gente boa e falam bem a língua. No entanto, se possível, foque nos nativo. 

O foco aqui é a decoração.
Desta maneira, há a indicação que uma das iniciativas de qualquer cursinho de língua estrangeira é transformar o recinto numa mini embaixada no país que o acolheu, pegando TODOS os elementos que considera importante, fazendo um mix de toda essa parafernalha que se traduz em vários quadros, fotografias, monumentos, miniaturas e instrumentos musicais espalhados naquela casinha branca e vermelha... tudo isso pro aluno se sentir inspirado pelo país mais “civilizado” do mundo: a França. 




a torre, sempre... 




A saber: não fui eu quem inventou isso. Norbert Elias (1994), em o "Processo Civilizador 1: Uma história dos costumes" explica "como os homens se tornaram educados, e começaram a tratar-se com boas maneiras"... como se o "outro", a "a barbárie", fosse algo debitado na conta do resto do mundo. É mole? Aí vai uma citação arbitrária:

"Até certo ponto, o conceito de civilização minimiza as diferenças nacionais entre os povos: enfatiza o que é comum a todos os seres humanos ou - na opinião do que o possuem - deveria sê-lo. (ELIAS, p. 25)

Pegue este pacotinho de civilização (degustação de vinhos, queijos, filmes, moda, música, balé, teatro) e leve-o pra casa o quanto antes.

Ai de você se sugerir fazer um intercâmbio no Haiti, Martinica ou Guiana Francesa... JAMÉ! O objetivo é a cidade luz, ainda que custe o seu rim ou a dignidade. 

Para fazer uma análise das disposições dos objetos de decoração da aliança francesa, algo me embrulhou o estômago. Vou tentar ser um pouco mais clara: 

Caros amigos,

Quando os comedores de sapos vieram à América do Sul, eles saquearam MUITAS aldeias indígenas e levaram diversos objetos sagrados e fizeram inúmeras pesquisas para montar museus visitadíssimos instalados naquela bosta de cidade cagada de pombo. Peças essas que nem existem mais no Brasil pela tamanha espoliação que esses povos sofreram desde o "contato" até agora.

Diante de todas as quinquilharias amontoadas que eles chamam de decoração (preguiça da descrição), gostaria de entender o que motivou o decorador em colocar o único quadro que faz referencia aos povos indígenas dentro do toilet , ao lado do vaso sanitário.






01:2222

Tenho andado muito apegada à algumas mesquinharias,
e não tem cão que faça elas saírem do meu couro.

Hoje fui pegar um diploma de graduação que tava pronto desde 2012.
Me senti uma colecionadora estúpida... :~

Depois da defesa vou ganhar mais um.





quarta-feira, 8 de abril de 2015

Transição

Transição é o nada.

Não vou falar de processo.

Não vou falar de passagem.

Não vou falar de movimento.

Não vou falar de mudança.

Não.


Bosta de nada.


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