terça-feira, 30 de agosto de 2016

They shoot horses, don't they? [Mas não se mata cavalo?]


"Ao passar pelas portas dos fundos vislumbrei o oceano cintilante de sol. Por um momento fiquei de tal modo atônito, que não pude mover. Não sabia se estava mais surpreendido por ver o sol pela primeira vez em quase três semanas ou se por ter descoberto a porta. Caminhei até ela, esperando que o sol não desaparecesse antes de eu atingi-la"... (McCoy, Horace. p. 55. Publicado em 1935)

"They shoot horses, don't they?" Dirigido por Sidney Pollack em1965 

domingo, 28 de agosto de 2016

FUNAI: 40 mil pessoas

Hoje, pela manhã e tarde, a Escola de Educação Fazendária [ESAF] fez com que quarenta mil pessoas lessem o conteúdo da prova para o cargo de "Indigenista" da Fundação Nacional do Índio [FUNAI]. O nascimento macabro do Serviço de Proteção aos Índios [SPI] e os desastrosos passos da FUNAI, sob os nossos olhos pouco atentos, no que diz respeito os povos indígenas, não foram suficientes pra me tirar o motivo do meu dia feliz. É preocupante! eu sei... 

Quarenta mil pessoas se inscreveram para fazer esse concurso, e independente da motivação de cada um, elas tiveram que ler essa prova maravilhosa [a grosso modo] que a ESAF proporcionou. É indiferente quem irá passar ou não. Hoje, quarenta mil pessoas [independente da formação] leram e refletiram, ao menos um tiquinho, no que é e no que foi ser índio nesse país.

#PEC215NÃO #FORATEMER

~muito feliz~

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Saartjie Baartman [1789-1815]


~ Críticas aos queridinhos da vez: "arte" e "ciência" ~ 

"Até 1974, os restos do corpo de Saartie Baartman foram exibidos no Museu do Homem, em Paris. Em 1994, a África do Sul pediu a sua restituição à França. Em 09 de agosto de 2002, ela foi sepultada em sua terra natal [vale do rio Gamtoos, atual província do Cabo Oriental, África do Sul]"





[O filme está completo no youtube, mas só consigo postar o trailer :/]


As vinhas da ira, The grapes of wrath


"E à noite acontecia uma coisa estranha: as vinte famílias tornavam-se uma só família, os filhos de uma eram filhos das outras, de todas. A perda de um lar tornava-se uma perda coletiva, e o sonho dourado do oeste um sonho coletivo. E podia acontecer que uma criança enferma enchia de pena os corações de vinte famílias, de cem pessoas; que um parto numa tenda mantinha cem pessoas em silêncio e em expectativa durante uma noite e que a manhã seguinte encontrava cem pessoas felizes com o êxito de um parto estranho. Uma família, que uma noite era antes errara apavorada na estrada, procurava então, talvez, entre os seus parcos tesouros, algo que pudesse ser dado de presente ao recém-nascido. À noite, sentados ao redor da fogueira, os vinte eram um só. Uma guitarra surgia então de sob um cobertor e soava tristemente, e canções eram entoadas, canções populares. Os homens cantavam a letra e as mulheres cantarolavam a melodia. 

Todas as noites um mundo surgia: amizade se faziam, inimizades se estabeleciam; um mundo completo, com gabolas e covardes, com gente silenciosa, com gente humilde, com gente bondosa. Todas as noites, relações eram feitas, relações que modelavam um mundo à parte; e todas as manhãs esses mundos se desfaziam como circos ambulantes.

A princípio, as famílias titubeavam nas montagens e desmontagens desses mundos; mas gradualmente a técnica da construção de mundos tornava-se a sua técnica. Os líderes surgiam, leis se faziam e códigos eram observados. E à medida que os mundos se deslocavam para oeste mais e mais completos se tornavam, porque seus construtores já tinham adquirido mais e mais experiência."

A fotografia "migrante mother", de Dorothea Lange [década de 1930] mostra Florence Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de ajuda para sustentar sua família. Seu marido havia perdido seu emprego em 1931, e morrera no mesmo ano. 



STEINBECK, John, 1902-1968. As vinhas da ira; Tradução de Ernesto Vinhaes e Herbert Caro. São Paulo: Abril Cultural, 1982. p. 258 [O livro foi publicado em 1939, e o filme, dirigido por John Ford , em 1940]


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Santa Tereza: medo de escrever

Esqueci o que é escrever por aqui. Segundo uma doceira, pra você se tornar um profissional, você deve, assim que acordar, bater umas claras com leite fresco e açúcar todos os dias.

Será que vale o mesmo pra escrita? claro que sim!

Acordar, ler vinte-cinquenta páginas de um "livro" e escrever um parágrafo.

Ou antes de dormir, escrever um parágrafo. Porque não?

Existe muita beleza no ordinário.

Hoje estive nas ladeiras de Santa Tereza com música, bebidinha e churrasco, em uma segunda feira.

Na terra do entretenimento, isso me parece corriqueiro. É sempre um luxo, um requinte, ir além do ponto turístico, do cenário bobo e batido desse lugar. Nunca sei ao certo sobre o que estou vendo, o ouro de tolo é frequente. Estou cansada, o exotismo não é um privilégio do norte.

Demora encontrar gente-gente, sabe? É irritante!

A saber: não estou trabalhando, trata-se de licença qualquer coisa.

*

As ladeiras são lindas, escrevo porque hoje não senti medo.

Não senti medo de farda, não senti medo de polícia, não senti medo de moto, não senti medo do frisson olimpíada, não senti medo de pessoas. Simplesmente não senti medo e fiz [senti] parte da cidade. Faz tempo que não sei o que é isso. É real?

Estava com um ex morador de Santa Tereza da década de sessenta, acho.

Sentar numa praça quase à meia noite, diante de ladeiras e casinhas-luzinhas infinitas foi um prazer que não consigo descrever.

*

Saudades do que não vivi;

A morte une pessoas;

Julieta apetece o mundo, Almodovar é gênio;

Oklahoma é um Estado vermelho em 1929;

Amanhã é dia de lugar lugar favorito;

Colombo, docinhos e sentimento no mundo;

O amor acabou;

O mundo tem muita vida;

O mundo é muito grande;

A música é uma forma de oração;

Pessoas são bençãos;

Amazônia é um lugar, como qualquer um outro... use-o com moderação.





textos relacionados

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...